sábado, 5 de fevereiro de 2011

Os bairros cariocas que mais valorizaram em 2010

Edificiomunicipal.com

Segurança, transporte e projetos de reurbanização atraem moradores e investidores às áreas mais saturadas da cidade
Crescimento continua

São Paulo – A recuperação econômica do estado do Rio de Janeiro aliada ao aumento de renda da população e aos investimentos para as competições esportivas que a cidade vai sediar nos próximos anos deram novo gás ao mercado imobiliário carioca, que se valorizou em média 46% entre janeiro de 2010 e janeiro de 2011. Alguns bairros, no entanto, viram o preço do metro quadrado disparar. As áreas mais nobres da cidade atraem cada vez mais compradores, mas bairros antes degradados com o abandono ou a violência também assistem a uma notável recuperação. Projetos grandiosos e necessários, como o Porto Maravilha e a expansão do metrô, e a experiência bem-sucedida das Unidades de Polícia Pacificadora (UPPs) no combate à violência vêm tornando essas regiões atrativas para moradores e investidores. “Em 2011, esse movimento deve continuar”, prevê Leonardo Schneider, vice-presidente do Secovi-Rio, o sindicado das empresas de habitação. Conheça os bairros e os tipos de imóveis cujo metro quadrado valorizou mais de 50% em 2010, de acordo com a entidade.



Botafogo lidera a valorização de aluguéis



Ligação importante entre as Zonas Sul e Norte do Rio de Janeiro, Botafogo sempre foi considerado um bairro de passagem, com trânsito pesado em suas três principais vias – São Clemente, Voluntários da Pátria e Mena Barreto. Se o movimento intenso pode ser um defeito, porém, também pode ser uma qualidade. Com boa localização, o bairro é bem servido de comércio, shopping centers, escolas tradicionais, transporte público e, em 2008, viu o tráfico de drogas expulso de sua principal favela, a Santa Marta, que recebeu a primeira Unidade de Polícia Pacificadora (UPP) do Rio. Durante o ano passado, os preços dos aluguéis dispararam, e os apartamentos de três quartos viram uma valorização de nada menos que 112,5%. “A demanda para moradia nesse bairro é muito grande, principalmente para locação, por ser uma das alternativas mais em conta da Zona Sul”, avalia o vice-presidente do Secovi-Rio.



Preços na Gávea quase dobraram



A maior valorização para venda ocorreu na Gávea, onde o preço do metro quadrado dos apartamentos de quatro quartos praticamente dobrou em um ano. Embora seja um dos bairros mais nobres da Zona Sul carioca, com fácil acesso para a Barra da Tijuca, a Gávea ainda não se equipara em preço a Ipanema e Leblon, havendo espaço para altas valorizações. Agora, o projeto olímpico para 2016 prevê inclusive uma estação de metrô na região, ligando a linha 1 ao metrô da Barra, já em construção. “A Gávea tem uma oferta reduzida de imóveis, ainda há muitas casas, e quem procura moradia na região em geral está interessado em apartamentos maiores. O bairro conta com ruas tranquilas, um clima bucólico com grandes áreas verdes e um shopping de alto padrão que servem como atrativos”, descreve Schneider.



Revitalização do Centro atrai investidores



O Centro do Rio será uma das áreas mais fervilhantes em investimentos nos próximos anos. Essa expectativa já vem se traduzindo em uma grande valorização dos imóveis, principalmente os apartamentos de um quarto, o tipo mais ofertado nessa região saturada e sem novos empreendimentos. Apenas em 2010 o valor do metro quadrado cresceu 83%, atendendo principalmente a um público que deseja morar perto do trabalho. O bom custo-retorno de aplicar nesse tipo de imóvel também está motivando uma corrida dos investidores aos apartamentos da região, de olho na demanda das grandes empresas por imóveis comerciais e na revitalização da zona portuária. As áreas mais valorizadas, por enquanto, são as regiões mais residenciais da Lapa, do entorno da Rua do Senado com a Gomes Freire e nas imediações da Praça da Cruz Vermelha. Com o Projeto Porto Maravilha, porém, os bairros da Saúde, Gamboa e Santo Cristo, atualmente bastante degradados, devem se tornar as bolas da vez. Além de reformas, obras de infraestrutura e a reestruturação da malha viária, o projeto motivará a instalação de empresas e das vilas de mídia e de árbitros dos Jogos Olímpicos de 2016, futuramente destinadas à habitação.



Ipanema e Leblon ainda lideram nos preços



Os bairros mais caros do Brasil também estão entre os que mais se valorizaram em 2010, muito influenciados pelo descompasso entre a oferta e a demanda na região. Destaque para os imóveis de três quartos em Ipanema, cujo preço do metro quadrado cresceu 72%. O espaço para construir nesses bairros é escasso e os lançamentos são poucos, mas a atração dos imóveis e do comércio de luxo, além das lindas praias, ainda é grande. A região mais valorizada continua sendo o final do Leblon, como as ruas General Artigas, Rainha Guilhermina e General Venâncio Flores, perto de alguns dos restaurantes mais chiques da cidade, como o Garcia e Rodrigues e o Antiquarius. “Morar no Leblon hoje em dia é quase uma marca, é um estilo de vida”, afirma o vice-presidente do Secovi-Rio. A inauguração de uma estação de metrô e a instalação de uma Unidade de Polícia Pacificadora (UPP) no Morro do Cantagalo no fim de 2009 também contribuíram para valorizar o entorno da Praça General Osório, em Ipanema. Agora, os bairros aguardam a ligação com a Barra com a expansão do metrô.



Segurança fez a diferença em Vila Isabel



O bairro que foi palco de um dos eventos mais aterradores da história recente do Rio de Janeiro assistiu, no ano passado, a uma das maiores valorizações imobiliárias da cidade. Em 2009, um conflito entre facções criminosas rivais no Morro dos Macacos, em Vila Isabel, levou um helicóptero da Polícia Militar a fazer um pouso forçado, após ter sido alvejado por traficantes. Em 2010, apenas a expectativa de pacificação da comunidade, coroada com a instalação de uma Unidade de Polícia Pacificadora (UPP) em novembro, levou os imóveis de um e dois quartos a se valorizarem cerca de 60%. Agora, o boêmio bairro da Zona Norte se destaca pelo custo-benefício. O intenso comércio, a vida noturna, as ruas tranquilas e os prédios não muito antigos valorizam a Vila, que se tornou uma alternativa um pouco mais barata à Tijuca. A pacificação do Morro São João, no bairro vizinho do Engenho Novo, e a futura reurbanização de favelas da região devem continuar puxando para cima os preços do bairro de Noel Rosa.



Copacabana ainda é a cara do Rio



O bairro mais famoso do Rio de Janeiro teve os preços de seus imóveis puxados pela valorização da Zona Sul como um todo, e ainda se beneficia do fato de ser o coração de um dos quatro núcleos esportivos dos Jogos Olímpicos de 2016. Durante as competições esportivas que a cidade irá sediar nos próximos anos, Copa estará mais do que nunca sob os holofotes do mundo, reforçando sua imagem como destino turístico. “Para o carioca, talvez Copacabana não tenha mais o glamour que tinha nos anos 70, mas junto aos estrangeiros que vêm morar ou passar temporada por aqui, seu apelo ainda é muito forte”, observa Leonardo Schneider, do Secovi-RJ. Ao mercado imobiliário saturado juntam-se os inúmeros atrativos, como a praia, o intenso comércio, o parque hoteleiro, os restaurantes, a rede de transporte e a maior segurança conquistada após a instalação de três UPPs que atendem a seis comunidades, sendo duas no bairro vizinho do Leme. Os imóveis mais procurados são os de três quartos, seguidos dos de um quarto, que atendem aos solteiros e casais sem filhos, principalmente idosos.



Tijuca renasceu depois de UPPs



A instalação de Unidades de Polícia Pacificadora (UPPs) nas principais favelas da Tijuca também foi determinante para a valorização dos imóveis da região no último ano. Apesar de ser um dos bairros mais tradicionais do Rio de Janeiro, a Tijuca permaneceu com o mercado imobiliário estagnado durante muito tempo, em grande parte por conta da escalada da violência. Só no ano passado, o bairro recebeu quatro UPPs, e outras duas foram instaladas em bairros vizinhos. As pacificações contribuíram para uma considerável redução na ocorrência dos crimes que mais atormentavam os moradores da Grande Tijuca, que também inclui bairros como Vila Isabel, Grajaú e Andaraí. De janeiro a novembro de 2010, em relação ao mesmo período de 2009, houve uma redução de 55% nas tentativas de homicídio, 47% no roubo de veículos, de 44% nos homicídios dolosos e de 20% nos furtos de veículos. “Na década de 70, o prestígio da Tijuca entre os cariocas era comparável ao de Copacabana”, avalia Leonardo Schneider. O bairro se beneficia do fácil acesso a todas as regiões da cidade, de seu intenso comércio e da vasta oferta de transporte, com três estações de metrô e uma quarta, próxima à Rua Uruguai, com inauguração prevista para 2013.



Flamengo é puxado por Centro e Zona Sul



A valorização dos imóveis no Flamengo, assim como em Copacabana, vem a reboque das altas do entorno, especialmente do Centro, com o qual o bairro se liga pela via expressa do Aterro. Apesar de abrigar imóveis e moradores com perfis semelhantes aos de Copa, o Flamengo conta com menor potencial turístico e menos fama junto aos estrangeiros. O comércio, as áreas de lazer e a oferta de transportes, contudo, não deixam a desejar.


Fonte: Exame