Por Luciana Seabra
Quem casa quer casa, mas Thiago de Morais preferiu o aluguel às prestações
Comprar na baixa e vender na alta. Aplicar a máxima do mercado de ações à casa própria não é tão trivial, ainda mais quando se considera os custos de transação. Mesmo assim, ver o imóvel como um ativo e não como um bem obrigatório pode com frequência render um bom retorno, segundo o sócio da gestora Queluz, Maurício Pedrosa. "Uma pessoa compra um imóvel para se proteger da incapacidade de gerir recursos", afirma.
Com casamento marcado para julho, o sociólogo Thiago de Morais, de 30 anos, não se rendeu à compra da casa própria, apesar da pressão cultural. "Minha mãe diz que um homem só é homem quando compra sua própria casa". Ele se assustou com os preços dos imóveis que garantiriam o mesmo padrão de vida da casa dos pais. Preferiu, então, manter investidos os R$ 40 mil que conseguiu poupar na juventude.
Morais vai arcar com o aluguel e ampliar as aplicações, pelo menos até que o cenário do mercado imobiliário fique menos nebuloso. "No bairro onde moro, os apartamentos custam quase R$ 500 mil. E se eu pegar um financiamento de 30 anos e amanhã eles valerem a metade?"
O consultor financeiro Gustavo Cerbasi recomenda o aluguel principalmente para casais jovens, que podem ser mais ousados com a renda variável e aproveitar o potencial de multiplicação dos juros compostos ao longo de um período maior. Ele mesmo optou pelo aluguel até setembro de 2011, quando decidiu ter o próprio imóvel.
Para reforçar sua tese, Cerbasi simula a compra de um imóvel de R$ 100 mil na planta, financiado em 20 anos com juros de 1% ao mês mais correção monetária. A prestação seria de R$ 1.101,09. Em um imóvel de mesmo valor, o consultor estima aluguel de R$ 800. Sugere então que, nesse caso, a pessoa assuma o aluguel e invista a diferença, de R$ 301,09.
Cerbasi sugere uma aplicação de médio risco, com rendimentos líquidos de 0,6% ao mês. Depois de 20 anos pagando aluguel, o dinheiro investido chega a R$ 160.710,50. O consultor sugere que o casal jovem ainda não compre um imóvel, mas passe a usar os rendimentos para pagar o aluguel, reinvestindo as sobras.
O cálculo a ser feito, segundo o raciocínio de Cerbasi, começa pela diferença entre financiamento e aluguel. Em seguida, é preciso estimar em quanto tempo esse valor aplicado alcançaria uma poupança do mesmo valor do apartamento. No exemplo, seriam 15 anos. É bom lembrar da valorização imobiliária. Com o boom dos últimos anos, por exemplo, dificilmente seria possível comprar o mesmo imóvel.
 
